domingo, 7 de agosto de 2005

Tudo e Nada


Alçava vôos improváveis de uma sacada de apartamento. Ia aonde queria nas madrugadas escuras. Enfrentava longas noites de insônia para arrastar-se sonolenta ao longo dos dias. Amava e odiava intensamente. Vivia entre extremos dolorosos. Chorava, se desesperava, tinha medo da vida e da morte. Não era rebelde, apenas inconformada. Não era descrente, apenas restavam-lhe poucas esperanças. Não compreendia a si mesma, mas secretamente esperava que outros conseguissem fazer isso.
Vivia entre o tudo e o nada. Cada dia de paz e alegria tinha um valor enorme para alguém que se alimentava de conflitos, de cizânias, de eternos questionamentos. Não definirei aqui essa pessoa insana, mas sim à própria desarmonia de sua consciência. Estas linhas não lhe refletem, nem a sua realidade nem a sua fantasia; simplesmente não refletem nada... Pois assim tudo fica mais fácil e coerente.
Suas carências ficam escondidas embaixo de travesseiros.
Seus sonhos ela deixou não sabe bem onde...
O que estiver aqui pode parecer tudo, mas é provável que não signifique nada.

2 comentários:

Anônimo disse...

cada dia é forte entre o tudo e o nada, mais devagar aqui com meus olhos urgentes por me ver assim tão exata entre estas suas linhas...
Beijo.

Anônimo disse...

Bravo!