Tem dias em que estou mal. Fico com saudades da pessoa que fui, num tempo em que o futuro me acenava promessas. Havia em mim, guardados, certos sonhos que o tempo se encarregou de mostrar que possivelmente não se realizariam. Mas eu ainda acreditava em destino, em acaso, em sorte.
Aquela época dourada passou e veio uma outra, em que eu comecei a lutar, a batalhar arduamente para conseguir resgatar alguns fragmentos de sonhos que não haviam me abandonado. Era a fase da construção, do presente, da semeadura. Mas hoje entendo que nem tudo dependia de mim e que, infelizmente, não me sobrou muito impulso. Acabei ficando cansada e descrente.
A ousadia e a esperança da juventude parecem ceder, a cada dia, espaço para o medo, para a precaução e apatia.
Dizem que frustrações e tristezas são comuns, logo passam, mas não é bem verdade. Tristezas imobilizam, mesmo quando as causas são conhecidas, mesmo quando você deseja ir em frente.