sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Receita rápida...


Foto: Imagem do Google, desconheço a autoria.


Ama ainda que não sejas amado
ajuda sempre a todos
ouve os desabafos que te fazem
não conta os segredos alheios
torna-te amigo e conselheiro
divide todo o teu conhecimento
confessa teus sentimentos puros
te mantém disponível
sorri ainda que sem vontade
compreende as razões do outro
perdoa sempre
faz sem esperar retorno
atende ao telefone (a qualquer hora)
responde ao email (sem demora)
não esquece os aniversários
visita os doentes
recebe os que te procuram
não reclama de teus infortúnios
oferece carona
divide as despesas
não fales mal de ninguém
e assim...
quando precisares de um esteio...
terás sempre o teu psicólogo

por isso, 
antes de desfrutares do amor
ou dos grandes amigos,
encontra um bom terapeuta.

sábado, 27 de novembro de 2010

Tempo


Foto: Imagem do Google, desconheço a autoria.

Faz tanto tempo
Quando as rosas enfeitavam o caminho
Tempos que se acreditava em futuro
Os ventos só traziam novidades
As horas emolduravam momentos inesquecíveis
Teu rosto... um sorriso, um abraço, um beijo
Faz tanto tempo
Quando o coração batia apressado e feliz
A espera era atenuada com certezas
Havia frio nas mãos e cor nas maçãs do rosto
As palavras saiam dos lábios suaves e doces
Tua presença... um sonho, um encanto, uma alegria
Faz tanto tempo
Hoje caminho sozinha, repleta de lembranças
Nossas palavras tornaram-se duras
Nossos sorrisos sumiram da face
Meu mundo tornou-se triste e sem cor
Minha alma perdeu-se da tua
Faz tanto tempo
E ainda estou aqui...
Sem saber bem o que faço
Com este tempo, que me parece ser tanto.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Lembranças




Haverá um dia para relembrar... E o coração baterá novamente com a mesma intensidade.
Mas serão lembranças apenas.
Tais como os dias marcados por lágrimas e palavras empoeiradas de tempos atrás.
Lembranças apenas.
Chegará a hora de parar de sofrer e procurar um porquê para tudo.
As respostas poderão ser encontradas, mas talvez já não sirvam para nada, e os motivos de velhas angústias parecerão sem importância.
Pode ser que, de repente, tudo se revele ilógico ou uma vaga ilusão, uma brincadeira da memória cansada que não distingue a realidade e os sonhos.
Um dia os olhos se fecharão e o corpo se deixará tragar pelo balanço do vento.
Assim se encerrará uma história, se calarão todas as vozes...
Nesse dia as lembranças que pulsam e incomodam
se dissolverão como sal diluído em água.

sábado, 16 de outubro de 2010

Aos que fogem...


Fugir não é o mesmo que retirar-se.
Se não há perigo ou ameaça iminente, fugir pode indicar fraqueza.
Retirar-se na hora adequada, ao contrário da fuga, é demonstração de equilíbrio.
Há o momento certo para ambos.
Ao fugir, abandonamos o que nos ameaça.
Ao nos retirarmos, impedimos o seu avanço.
Fácil perceber que um fugitivo nunca alcança sua liberdade.
O que se retira a preserva consigo.

Foto: Imagem do Google, desconheço a autoria.

domingo, 10 de outubro de 2010

Tempestade

Créditos de Imagem: Glimboo

A água desprende-se em fios. Fria, intensa, perfurante.
Cai num cadenciado ruído que acalma e assusta.
Escorre sobre meu corpo em transparentes desenhos
e cai ao chão, onde se espalha e muda de forma.
Os pingos viram poças, espelhos que me refletem
nas escuridões e clarões da noite.
Enfio meus pés nestes reflexos que contam velhas histórias,
respingando frações de mim nas calçadas sujas da rua.
Eu continuo o caminho.
O céu inteiro troveja, ensopa minhas roupas de saudade.
Mas a chuva é passageira e vem de longe, não de mim.
A enchente de agora, que me desespera e afoga,
amanhã se escoa no solo...
Um dia novo me aquece.
Quem sabe o sol me afaga?

sábado, 9 de outubro de 2010

Pontos de Cruz


No linho branco de nossas fronhas
faço arte e teço sonhos.
Com agulha e linha bordo flores
em volta da letra de teu nome.
Espalho cores salpicadas
como beijos na face amada.
É bom dormir nestes bordados
que desenho com tanto cuidado.
Vejo-te em meio a borboletas
e imagino tua alma e a minha
juntinhas em pontos de cruz.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Nina


Dorme sossegada filha querida
Sonha com o futuro que te espera
Não temas o caminho nem a dor
Aprende com as quedas que vierem
Mas não deixa nunca de caminhar
Mantém o olhar no horizonte
Segue sempre para lá
Dorme tranquila filha querida
Muitas guerras hão de vir
Mas a cada uma vencerás
Não aceita as injustiças
E não nega a ninguém o teu perdão
Aprende a arte de silenciar
Mas não te percas na multidão
Dorme sem receio filha querida
Hoje aqui estou a velar por ti
A colocar-te em meus braços
E a proteger-te dos ruidos
E perigos que a noite traz
Ah se eu pudesse parar o tempo
Para que nunca saísses daqui
Dorme em paz filha querida
Tens tanto trabalho a fazer
Descansa em meus braços agora
Deixa que o dia amanheça
Trazendo-te o mundo a percorrer
Enobrece esta luta que é viver
Com filhos teus que hão de nascer

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Dove Stai?


Foto: Imagem do Google, desconheço a autoria.


Não te alcanço mais. Avançaste num largo caminhar.
Calçaste sapatos e eu me mantive descalça.
As pedras me maltratando e me fazendo parar...
Largaste minha mão para que eu não te atrasasse.
Tinhas pressa em seguir tua rota.
Minha mochila era pesada, me tornava lenta.
Agora, ainda que eu corra, não adianta.
Chamo-te mas não me escutas, já não me enxergas.
Os caminhos floridos de outrora, tornaram-se escuros.
Ando por lugares mal sinalizados, tentando adivinhar teus passos,
procurando atalhos, pedindo carona.
Já não sei se me esperas em algum ponto da via.
É quase certo que não.
Tuas avenidas são amplas, repletas de sol e arcos-íris.
As minhas vielas são planas, onde há chuva e borboletas inquietas.
Me canso, às vezes, de tanto andar e não aportar.
Tu me dizias que os sonhos eram possíveis.
Caminhante... Como trazê-los de volta para o caminho?

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Carta do Tempo Perdido


Foto: Imagem do Google, desconheço a autoria.


Minha unha passeava sobre a pele, riscando-lhe uma ferida estudada.
E assim iam surgindo os incontáveis desenhos
de uma saudade pintada com tintas de dor.
Sou toda uma carta viva do tempo que se foi,
um relato mudo do passado.
As tintas me secaram nas veias, mas cada traço que sangrou
hoje conta sua história.
Misturo cicatrizes que gritam sozinhas entre linhas silenciosas,
escritas em idiomas desconhecidos, mortos,
sem transcrição para a humanidade.
O que exprimem não interessa mais... A mais ninguém.
Choro sobre os rascunhos de uma felicidade esquecida.

domingo, 12 de setembro de 2010

Pântanos e Paisagens


Foto: Imagem do Google, desconheço a autoria.


Dos olhos que acomodam emoções indecifráveis brota o brilho que perfura a carne dos que se aproximam sem armaduras.
Dos lábios de cera que estampam largos sorrisos nasce o não frio e asséptico que destroi a alma dos que se entregam com inocência.
Das mãos seguras que não se estendem para evitar quedas ergue-se o basta que interrompe os passos vacilantes dos que procuram amparo.
Da vida exata dos que nada querem destacam-se belas paisagens da bem sucedida empreitada, encantando os que tudo perdem com imagens de perfeita totalidade.
O segredo que há nos olhos, que por vezes vertem lágrimas,
é o mesmo que cala os lábios rígidos de palavras calorosas
e também o que imobiliza as mãos vazias nas noites de inverno.
A vida secreta dos destinos perfeitos é triste, mas ninguém o sabe.
Se do velho pântano ainda brotassem as pequenas flores de outros velhos dias...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Um Grito



Eu não conhecia o âmago da incerteza que espreita silenciosamente a todos os seres.

Achava que a vida, em curtos espaços, poderia ser conduzida por nossas frágeis mãos.

Mas basta um segundo, um grito e o caos se instala.

Esse átimo em que todas as nossas débeis certezas vão por água abaixo é verdadeiramente assustador.

Tudo sai do eixo, restando somente uma incômoda sensação de mortalidade.

Não adianta ter força diante do inevitável... o que ainda pode devolver um pouco de chão é a solidariedade. Uma mão estendida no meio do desastre pode fazer toda a diferença.