domingo, 10 de outubro de 2010

Tempestade

Créditos de Imagem: Glimboo

A água desprende-se em fios. Fria, intensa, perfurante.
Cai num cadenciado ruído que acalma e assusta.
Escorre sobre meu corpo em transparentes desenhos
e cai ao chão, onde se espalha e muda de forma.
Os pingos viram poças, espelhos que me refletem
nas escuridões e clarões da noite.
Enfio meus pés nestes reflexos que contam velhas histórias,
respingando frações de mim nas calçadas sujas da rua.
Eu continuo o caminho.
O céu inteiro troveja, ensopa minhas roupas de saudade.
Mas a chuva é passageira e vem de longe, não de mim.
A enchente de agora, que me desespera e afoga,
amanhã se escoa no solo...
Um dia novo me aquece.
Quem sabe o sol me afaga?

Nenhum comentário: