Arrumo todas as fotografias cuidadosamente. Revivo um tempo que sangra.
Sinto na garganta o sal do meu mar interior.
Sinto na garganta o sal do meu mar interior.
Me afogo
A jovem da foto olha fixamente para mim. Quase não me recordo dela.
Era feliz? Morreu cedo?
Morro
Retiro a poeira que cobria o teu rosto. Era sépia teu sorriso.
O meu, sempre cinza. As cores me fugiram cedo.
Resta apenas
O pálido vermelho do coração aberto e sua borbulhante sopa fria,
temperada de urgências insatisfeitas.
Amarga
Nossas fotos lado a lado, sequer combinam. Viro as páginas.
Mais de vinte anos se passaram.
Mais de vinte anos se passaram.
A vida
Sonhos coagulados no prato. Coração em preto e branco.
Sonhos coagulados no prato. Coração em preto e branco.
Só a dor ainda é vermelha.
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