Nunca entendi o tempo.
Quando menos devia,
eu quis
apressá-lo...
Disse-lhe: “corre!”
Ele não me
ouvia,
andava bem devagar
como criança birrenta.
E eu só
queria futuros,
viveres a frente...
não era feliz no
presente
Uma vez tentei enganá-lo,
deixá-lo para
trás esquecido.
Tentei fazer do meu jeito
o meu
momento.
Mas o caminhante lento,
de passo arrastado,
me
forçava a esperá-lo.
“Ainda é cedo” sussurrava
com
calma tamanha,
que me fazia chorar
Depois vi que
era em vão.
Avançava páginas em branco
e escrevia lá
adiante
minhas próprias histórias.
O tempo ia
lentamente
desenhando no vazio
que eu deixava pra trás
me fazendo desacreditar
na metamorfose sufocada
entre as paredes do
passado
Faltava sempre coerência
entre mim e o
tempo
cansada, parava de caminhar
e ele ia embora na
frente
o tempo passava por mim
eu não tentava
alcançá-lo
sua poeira pairava sobre tudo
meus pés iam ficando gelados
eu me cobria de inércia
até ir sumindo,
sumindo...
No silêncio do meu inverno
o gelo
agarrou-se às raízes
derrubou-me folhas
secou-me os
galhos...
Em mim não há ninhos
flores ou borboletas.
Sou
inóspita.
O que restou é
antigo,
é pretérito
e é imperfeito...
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