sábado, 21 de janeiro de 2012

Resíduos



Então, chore.
Permita-se dar vazão às suas represas.
Quem sufoca um pranto engole copos de areia,
enterra-se por dentro.
Deixe ir embora o desgosto, a saudade, a lembrança;
dê adeus ao desencanto, aos planos que não deram certo;
chore as tristezas, as perdas.
Remova os resíduos que lhe entopem as artérias.
Então, chore.
Um choro silencioso, simples, como só os fortes sabem chorar.
Os fracos preferem bradar sua dor, sem nunca livrarem-se dela.
Não caia na tentação de sentir pena de si.
É tão inútil autopiedar-se...
Remova em cada gota, em cada soluço,
o que lhe é desnecessário.
Cure-se, cuide-se.
E não rotule culpados,
e não transfira amarguras.
Apenas chore.


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