A nostalgia abre gavetas...
Sexy Red Shoes, by Nick Freemon.
Ecoa pelas paredes um contínuo tic-tac marcando a cadência das horas
e o moroso arrastar da rotina.
Cravo as unhas nos ouvidos para abafá-lo, mas não consigo
todas as noites o mesmo ritual:
o caminhar noturno da mulher de saltos altos.
O ruído do seus passos perfura-me o cérebro...
uma onda de loucura me atinge o pensamento
E eu a odeio.
Odeio suas longas garras e seu riso de deboche
a firmeza e a malícia de seu caminhar
Repugna-me o cheiro do cigarro que ela descarta pelo chão
com vestígios vermelhos de batom barato.
com vestígios vermelhos de batom barato.
E enquanto caminha, ela repete seu mantra preferido:
"Não há fuga"
"Não há fuga"
Tento enfrentá-la.
Ela me atira ao rosto seu ácido desdém,
zomba de mim com uma gargalhada medonha.
"Não há fuga"
"Não há fuga"
"Não há fuga"
Quero expulsá-la daqui, então a insulto e a ofendo
Chamo-a de ordinária.
Ela ostenta o mesmo sorriso.
Chama-me então de covarde e diz que a invejo.
E eu a odeio mais ainda por ter razão.
E eu a odeio mais ainda por ter razão.
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