domingo, 16 de outubro de 2011

Melancolia



A vida na Terra seguia naturalmente. O planeta rodopiava em seu eixo, ora iluminado pelo Sol, ora pela Lua. Essa existência tranquila levava a humanidade a pensar que estava segura, que os riscos eram pequenos e que o homem era forte e inteligente o suficiente para enfrentar seus próprios desafios.
A rotina serena, entretanto, não impediu que a humanidade maltratasse seu planeta e começasse a julgar que estava sozinha no universo infinito, passando a buscar diariamente indícios de outras vidas além desta. Muitas vezes desejosa de conhecer outros mundos e de que todos os mistérios do cosmos logo lhes fossem respondidos.
Um dia, um planeta qualquer, vindo não se sabe de que sistema ou galáxia, entrou na trajetória da Terra. De uma imponência considerável, há muito vagava em rota indefinida, colidindo com asteróides ou pequenos astros. Nada parecia detê-lo.
O planeta era frio, desgarrado e veloz em seu rastro de destruição. Misteriosamente, as leis do universo colocaram em perigo a tranquilidade da Terra. O planeta, que já se aproximara a ponto de ser visto a olho nu, não poderia ser detido pelas frágeis mãos humanas.
A quietude da vida, repentinamente, deparou-se com um futuro assustador. Não haveria tempo para que suas perguntas encontrassem respostas, e todo o arsenal bélico construido para sua proteção mostrou-se completamente inútil. Assim acontece, de uma hora para outra, uma grande catástrofe.
Num determinado momento o planeta desconhecido entrou na atmosfera terrestre, sugando-lhe parte do oxigênio, decretando o fim de tudo o que existira até então. A colisão ocorreu.
A Terra desviou-se de seu eixo, irremediavelmente. Desgarrou-se de seu sistema.
Afastada do Sol, sem a proteção de sua atmosfera, suas águas congelaram e a vida pereceu. O que antes era um planeta verde e vivo, tornou-se uma sombra coberta de gelo a vagar pelo universo, sem trajetória, sem luz... Sua superfície destruída, agora apresentava as marcas deixadas pela colisão, contando para sempre a história daquele nefasto encontro.
O planeta estranho, quase incólume, provavelmente continuará a viajar pelo universo, ameaçando tudo o que coincidir com sua rota insana. Não há uma explicação para que isso tenha ocorrido, não há notícias de que naquele planeta exista vida inteligente, não há castigo para a devastação que ele deixa pelo caminho. Não há mão invisível que o detenha.
Simples assim.
Sim... Toda esta estória pode ser uma metáfora. Podemos colidir, em nossa trajetória, com algumas pessoas que nos devastam. 

Nenhum comentário: