Foto de um cachimbo Bent Billiard, postada AQUI
Quis a magia do tempo
que pedacinhos de vida
ficassem atados
àqueles pequenos objetos.
Passasse o tempo que fosse...
ficassem eles de lado, esquecidos,
nada importaria...
No dia em que fossem resgatados
pelas mãos daquela menina,
lá estariam de volta as histórias,
intactas, como se vividas a pouco.
Um pequeno tubo de linha
seria capaz de contar,
com suas cores pasteis,
uma noite de formatura
e o feitio de um vestido
bordado por mãos calejadas
cheias de orgulho da moça
que o vestiu e com ele bailou
ao lado do terno cinza do pai.
Um delicado vaso de porcelana,
salpicado de corações rubros,
revelaria a simplicidade do quarto,
com móveis de madeira escura,
onde aquela menina dormia
e tecia seus sonhos futuros
com fios de imaginada felicidade.
Um velho cachimbo envernizado,
com sua elegante piteira de ébano,
rescendia o perfume da saudade
ainda aquecido pelo fumo
e pelas mãos austeras que o erguiam.
Assim, cada objeto tinha voz
e contava sua própria história.
E a menina, hoje já deslembrada,
poderia ouvir aqueles cantares
e viver, uma vez mais,
a sua noite de formatura,
a valsa com seu pai,
o sonho e a ilusão
de sua felicidade futura.