sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Oásis



Foto: Desert Child, por Alisdair Miller (in DeviantArt)

O que sei do nada
é que não existe sozinho
O tudo é seu anverso
e um sempre estará
onde o outro já esteve
pois nossa vida é fadada 
a períodos de privação
e temporadas de banquetes

Não adianta temer o nada
e almejar o tudo...
Há sobressaltos em ambos
e um enreda-se ao outro
num contínuo ciclo tirânico

O que sei do tudo
é que nos embriaga,
nos pega pelas mãos
e nos ensina a voar
Mas não se demora
e deixa como legado
pobres sepulcros viventes
a gemer úlceras abertas

Para mim, o nada ter
é preferível a esperar
que tudo volte a acontecer
e em meus extensos desertos 
rabisco oásis pelo horizonte

É o nada, 
mas invade 
É o nada, 
mas inunda 

É o nada, 
há quem pense... 
e, apesar de nada, 
sempre vence.

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