Foto: Desert Child, por Alisdair Miller (in DeviantArt)
O que sei do nada
é que não existe sozinho
O tudo é seu anverso
e um sempre estará
onde o outro já esteve
pois nossa vida é fadada
a períodos de privação
e temporadas de banquetes
Não adianta temer o nada
e almejar o tudo...
Há sobressaltos em ambos
e um enreda-se ao outro
num contínuo ciclo tirânico
O que sei do tudo
é que nos embriaga,
nos pega pelas mãos
e nos ensina a voar
Mas não se demora
e deixa como legado
pobres sepulcros viventes
a gemer úlceras abertas
Para mim, o nada ter
é preferível a esperar
que tudo volte a acontecer
e em meus extensos desertos
rabisco oásis pelo horizonte
É o nada,
mas invade
É o nada,
mas inunda
É o nada,
há quem pense...
e, apesar de nada,
sempre vence.