domingo, 29 de janeiro de 2012

Canção de embalar

Inércia

Passou-se um ano
Passou-se um mês
A vida me acenou
E eu aqui...
Abro meu livro
ajeito-me ao leito
viajo nas nuvens
que as palavras
me trazem.
E vejo lugares
onde nunca andarei
encontro pessoas
de quem nada sei.
Passou-se um verão
Passou-se a manhã
A vida me sorriu
E eu aqui...
Sentada à mesa
bebendo minha água
esquecendo-me de tudo
que eu ia fazer.
E viajo nas nuvens
que as lembranças
me trazem
e escrevo poemas
que nunca ofertarei.
Passou-se o tempo
Passou-se a razão
A vida me soltou
E eu aqui...
Fecho meus olhos
ajeito-me ao leito
viajo nas nuvens
que as lembranças
me trazem
e espero quieta
pelo último acorde
que esta noite
entonarei.

Canção de embalar

Dorme meu menino a estrela d'alva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será p'ra ti

Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar

Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d'alva o seu fulgor

Perde a estrela d'alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme qu'inda a noite é uma menina
Deixa-a vir também adormecer

sábado, 28 de janeiro de 2012

Paraíso



Foto: Imagem do Google, desconheço a autoria.


Que mundo é este tão belo, tão amplo, tão verde? Que mundo é este tão repleto de gente que vem e vai? Que mundo é este, meu Deus, em que me puseste desde cedo a trabalhar, a sofrer e a desfrutar? Que mundo é este, meus caros, que não o quero abandonar?
É um mundo de guerras, mas perfeito para morar.
É um mundo de luzes e sons,
um mundo vasto de andar,
que cabe no calibre do olhar.
O mundo em que vivo,
meu paraíso particular.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Resíduos



Então, chore.
Permita-se dar vazão às suas represas.
Quem sufoca um pranto engole copos de areia,
enterra-se por dentro.
Deixe ir embora o desgosto, a saudade, a lembrança;
dê adeus ao desencanto, aos planos que não deram certo;
chore as tristezas, as perdas.
Remova os resíduos que lhe entopem as artérias.
Então, chore.
Um choro silencioso, simples, como só os fortes sabem chorar.
Os fracos preferem bradar sua dor, sem nunca livrarem-se dela.
Não caia na tentação de sentir pena de si.
É tão inútil autopiedar-se...
Remova em cada gota, em cada soluço,
o que lhe é desnecessário.
Cure-se, cuide-se.
E não rotule culpados,
e não transfira amarguras.
Apenas chore.


domingo, 1 de janeiro de 2012

Ameaça


Foto: Imagem do Google, desconheço a autoria.


A ansiedade é
o fio de uma faca,
o desconforto
de um calafrio.
Quando a mente
não sossega,
antecipando ameaças
e vislumbrando
sinais de perigo.
Não tem porquê,
mas essa sensação
se arrasta
e não passa...

Livro


Foto: Imagem do Google, desconheço a autoria.


Então é isso...
Mais um ano se inicia e hoje é seu primeiro dia.
Apesar da ficção, o ritual tem seus benefícios.
Forçosamente é feito um balanço, uma avaliação do tempo vivido e novos rumos são traçados, ao menos na vontade e no desejo.
As esperanças, por alguns instantes, tomam o lugar do cansaço.
E assim começa um novo ciclo, e novos volumes são acrescentados ao grande livro da vida.
É bom ter força no pulso, no tom das tintas e na virada das páginas!
Que seja um livro ilustrado com belas imagens.
Que tenha romance, drama, muitos personagens.
Que seja uma história não muito breve e com final feliz.