segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Dove Stai?


Foto: Imagem do Google, desconheço a autoria.


Não te alcanço mais. Avançaste num largo caminhar.
Calçaste sapatos e eu me mantive descalça.
As pedras me maltratando e me fazendo parar...
Largaste minha mão para que eu não te atrasasse.
Tinhas pressa em seguir tua rota.
Minha mochila era pesada, me tornava lenta.
Agora, ainda que eu corra, não adianta.
Chamo-te mas não me escutas, já não me enxergas.
Os caminhos floridos de outrora, tornaram-se escuros.
Ando por lugares mal sinalizados, tentando adivinhar teus passos,
procurando atalhos, pedindo carona.
Já não sei se me esperas em algum ponto da via.
É quase certo que não.
Tuas avenidas são amplas, repletas de sol e arcos-íris.
As minhas vielas são planas, onde há chuva e borboletas inquietas.
Me canso, às vezes, de tanto andar e não aportar.
Tu me dizias que os sonhos eram possíveis.
Caminhante... Como trazê-los de volta para o caminho?

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Carta do Tempo Perdido


Foto: Imagem do Google, desconheço a autoria.


Minha unha passeava sobre a pele, riscando-lhe uma ferida estudada.
E assim iam surgindo os incontáveis desenhos
de uma saudade pintada com tintas de dor.
Sou toda uma carta viva do tempo que se foi,
um relato mudo do passado.
As tintas me secaram nas veias, mas cada traço que sangrou
hoje conta sua história.
Misturo cicatrizes que gritam sozinhas entre linhas silenciosas,
escritas em idiomas desconhecidos, mortos,
sem transcrição para a humanidade.
O que exprimem não interessa mais... A mais ninguém.
Choro sobre os rascunhos de uma felicidade esquecida.

domingo, 12 de setembro de 2010

Pântanos e Paisagens


Foto: Imagem do Google, desconheço a autoria.


Dos olhos que acomodam emoções indecifráveis brota o brilho que perfura a carne dos que se aproximam sem armaduras.
Dos lábios de cera que estampam largos sorrisos nasce o não frio e asséptico que destroi a alma dos que se entregam com inocência.
Das mãos seguras que não se estendem para evitar quedas ergue-se o basta que interrompe os passos vacilantes dos que procuram amparo.
Da vida exata dos que nada querem destacam-se belas paisagens da bem sucedida empreitada, encantando os que tudo perdem com imagens de perfeita totalidade.
O segredo que há nos olhos, que por vezes vertem lágrimas,
é o mesmo que cala os lábios rígidos de palavras calorosas
e também o que imobiliza as mãos vazias nas noites de inverno.
A vida secreta dos destinos perfeitos é triste, mas ninguém o sabe.
Se do velho pântano ainda brotassem as pequenas flores de outros velhos dias...