quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Para ela, em 2007...


Foto: Imagem do Google, desconheço a autoria.


Hoje acordei muito contrariada.
Olhei na folhinha... Quase final do ano...
Meus olhos ainda noturnos percorreram o quarto.
E no canto direito perceberam o espelho.
Aquela ali sou eu?
Como deixei que a vida brincasse comigo...
Um dia, quando o passar do tempo ainda não tinha significado, quando apenas se fazia notar pela mudança no comprimento dos meus cabelos, o destino me estendeu as mãos e me arrebatou num rodopio pelo vento.
Eu achava que o mundo era pequeno e que uma parte dele me pertencia por direito.
E não tinha pressa.
E corria atrás de borboletas.
Mais tarde, ainda encantada com o lento escoar dos dias, tecia esperanças coloridas para enfeitar as janelas do amanhã.
Despreocupava-me com o inexorável passar das horas, já que nada mais eram que um tic-tac perdido no escuro do quarto, um moroso arrancar de pétalas de margaridas...

Agora descubro-me lenta, parada no mesmo capítulo.
Aquela ali sou eu?
Preciso que ela saiba que quase nada restou do seu mundo pequeno, que apenas uma borboleta ainda lhe beija a nuca, e que as esperanças não são coloridas.
Preciso que ela saiba que agora é preciso correr com os pés descalços, que não há mãos aladas para guiá-la, apenas o tic-tac dos seus passos pingados.

Ainda assim, quero que ela saiba que há chance...
Que o próximo ano pode ser um pouco melhor...
Que o tempo passou mas os sonhos não têm idade.