quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

Se Papai Noel existisse...


Foto: Imagem do Google, desconheço a autoria.

Estou me sentindo estranha.
Não me compatibilizo com nada ou ninguém à minha volta.
Sou um ser avulso - todos os elos que me mantinham presa ao mundo civilizado parecem ter se rompido definitivamente. Estou solta num vácuo existencial, onde nada sinto além de uma dor profunda, uma sensação de não ser capaz de falar sobre mim, sobre o que penso ou sinto, sem ter a certeza de que o outro apenas me ouve educadamente, mas não chega a me compreender.
Meus sonhos agora me parecem piadas de mau gosto, um ridículo amontoado de eventos que nunca se realizariam no contexto em que me encontro, e só eu não via isso.
Não sei mais falar frases bonitas, não sei mais escrever poesias. Não compreendo mais o sentido da palavra esperança, mas poderia falar horas a fio sobre o que é o desencanto.
Estou cansada de ser triste. Estou cansada de ouvir minha voz, de ter a minha cara e de carregar meus valores, que parecem ser mais pesados que meus erros.
Queria apenas encontrar motivos que me fizessem voltar a sorrir até encher meus olhos de lágrimas, a fazer coisas tolas que não levam a nenhum resultado prático, a acreditar que Deus existe, que Ele me protege e que tem planos para mim (a comodidade infantil de ter quem cuide de meus problemas e de minhas dores).
Queria poder encher meu peito de amor sem ter de morrer por isso, sem ter de renunciar às minhas idéias para ver refletida a aprovação nas faces alheias.
Queria dormir uma noite inteira e acordar com a certeza de que aquele novo dia poderia ser especial e cheio de possibilidades.
Queria a simplicidade...
a inocência...
a ilusão...
a amnésia...